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Meu Diário


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Capítulo I

 

São Miguel dos Milagres

 

 

 CAPÍTULO 1

Lembranças

 

 

“entre razões e emoções a saída é fazer valer a pena...”

 - Alô, oi Alzira

- Oi Zoé, acordei você? Desculpe, é que, eu to ligando pra lembrar a você que a banda vai tocar hoje, chegue cedo pra gente passar o som, ah! E, por favor, fica calma dessa vez – Alzira falava tão rápido que eu quase não conseguia entender o que ela estava falando – não quero ver as mesas caindo ou voando por cima das pessoas esta  bem florzinha.

- Zi meu anjo, ainda são 05:30 da manhã, nós iremos tocar as 19:00, ainda falta um tempinho você não acha? E pode deixar comigo eu to aprendendo a controlar essa coisa, vai dar tudo certo, prometo.

- Coisa?! Você chama seus poderes de coisa?! Você é a única pessoa que eu conheço que consegue mover qualquer coisa apenas com pensamentos, na verdade eu acho que você deve ser um tipo de paranormal ou bruxa ou...

- Zi eu ainda to aqui na linha, se você não notou, agora eu posso voltar a dormir?                         E para de fazer suposições sobre isso esta bem, por favor!

- Ok, mas só queria que você soubesse que isso é uma coisa legal, que você é especial, de um jeito bizarro, mas ainda sim adoro você, tchau.

Agora eu sei que não vou mais conseguir dormir, Alzira é a minha primeira e melhor amiga, a uns dez anos, na verdade desde que minha mãe, meu irmão e eu nos mudamos para Gramados.

 

Minha mãe Mariana, meu pai Werner, meu irmão Allan e eu morávamos num lugarzinho maravilhoso no interior de Alagoas chamado de São Miguel dos Milagres, havia sol praticamente o ano inteiro e o mar era de um azul indescritível, era uma visão perfeita do paraíso, nossa casa ficava afastada da cidade, mas dava pra ver uma aldeia de pescadores e as crianças que brincavam nas jangadas e na areia branca da praia, meu irmão e eu não tínhamos permissão para brincar com as outras crianças, meu pai tinha medo que o Allan e eu usássemos nossos poderes em público, minha mãe e meu pai eram pessoas eram pessoas “normais”, mamãe sempre dizia que éramos especiais e que as pessoas não iriam nos entender. 

Eu não queria ser especial, eu queria ser normal, poder correr pela praia junto com as outras crianças, ter amigos; e por mais que eu queira nada irá mudar quem eu sou, meu irmão e eu nascemos com habilidades especiais que nos torna diferentes dos outros seres humanos, eu tenho o dom da telecinese, consigo mover as coisas com o poder da minha mente, meu irmão consegue ler a mente das pessoas.

 

No meu 10º aniversário, papai decidiu nos levar para almoçar num restaurante da aldeia de pescadores, foi o melhor presente que eu poderia desejar na época, o tempo estava nublado, mas ainda sim havia um casal na praia, deviam ser turistas eles falavam uma língua diferente, pelo idioma eram alemães, como não podíamos freqüentar a escola regular minha mãe era a nossa professora e pela nossa descendência alemã também aprendemos a falar alemão, meu pai sempre dizia – Infeliz o homem que da as costas a suas origens.Tudo estava perfeito, almoçamos em restaurante simples mas aconchegante e bonito, depois sentamos na areia branca da praia, eu fiquei observando uma garotinha

que brincava dentro de um barco que estava na beira da praia, as ondas batiam a lateral do barco com certa violência, mas aquilo não parecia assustar a menina, depois olhei para o horizonte parecia que havia uma tempestade se aproximando, as nuvens estavam num tom de cinza escuro e o mar estava de azul mudou rapidamente para o mesmo tom de cinza como se fosse um espelho do céu começou a chover e as ondas começaram a ficar cada vez mais fortes, tive a sensação de estar sonhando quando uma mulher bem atrás de nós começou a gritar:

- Minha filha, minha filha, ajudem minha filha! Pelo amor de Deus!

Levantamo-nos rapidamente, para olhar a mulher que estava gritando e tentar ajudá-la, ela continuava a gritar;

- Ajudem, ajudem! Minha filha!

- Onde esta a sua filha? – minha mãe perguntou.

 Ela apontou para o mar, foi quando me dei conta que ela estava se referindo a garotinha que a pouco estava brincando dentro do barco. O barco havia se afastando da praia, o mar estava agitado, chuva começou a ficar cada vez mais forte, foi quando uma onda bateu muito forte no barco, e a menina caiu na água, ela estava se afogando quando olhei fixamente para ela, eu senti meu corpo tremer por inteiro e me concentrei na menina que começou a emergir da água, ela estava praticamente flutuando sobre o mar e veio em nossa direção e parou perto de onde estávamos, senti o meu rosto encostar-se à areia e um cansaço muito forte invadir todo o meu corpo eu não conseguia me mexer, tudo foi ficando escuro, e as vozes das pessoas estavam na praia foram se afastando e sumiram.

Quando consegui abrir meus olhos, percebi que estava no meu quarto, minha mãe e meu irmão estavam ao meu lado, agora eu já conseguia me mexer, e o peso que havia sentido sobre mim tinha desaparecido, eu me sentia bem melhor;

- Ela está acordando, ela está acordando, pai, a Zoé está acordando – gritou Allan dirigindo-se para a porta do quarto ouvi seus passos descendo a escada indo em  direção a sala, minha olhou para mim, me deu um beijo na testa e falou:

- Graças a Deus! Você esta bem querida?

- Estou sim mãe, o que aconteceu? Como eu vim parar aqui? – minha voz saiu rouca; meu pai e meu irmão entraram no quarto, ganhei outro beijo na testa do meu pai que perguntou:

- Zoé, você está bem meu anjo? Esta sentindo alguma coisa?

- Não pai eu estou ótima, tá tudo bem, mas o que foi que aconteceu? Nós estávamos na praia, começou a chover... E a garotinha, o que aconteceu com a garotinha? – dessa vez minha voz saiu muito melhor, Allan foi quem respondeu a minha pergunta;

- Zô você foi incrível, estávamos sentados na praia, quando chegou a aquela mulher gritando, minha filha, minha filha! – ele falou tentado imitar a voz da mulher - A filha dela era aquela menina que estava brindo no barco, perto da gente, a maré subiu tão rápido que eu acho que a garota nem teve tempo de sair do barco, então o barco começou a se afastar da praia, as ondas estavam altas, então uma delas bateu no barco e a menina caiu na água, ela parecia estar se afogando, o pai já estava entrando no mar, quando ela começou a flutuar sobre a água, ela estava voando, daí ela veio voando até a praia, depois deitou na areia e quando olhei para você, parecia que você estava hipnotizada seus olhos estavam diferentes mais azuis e vazios, depois você simplesmente caiu na areia. Você está dormindo há dois dias.                                                                             

- Dois dias?!Eu estou dormindo há dois dias?!
- É, bela adormecida. O pai pensou que você tinha entrado em coma, você nem ao

menos se movia.
E então olhei para minha mãe e disse:

- Mãe?
- Sim, Zoé?
- Estou com fome.
- Vou preparar o jantar. – ela deu um lindo sorriso e saiu do quarto meu pai a

acompanhou Allan esperou eles descerem as escadas e começou a falar:

- Que susto você nos deu, da próxima vez que tentar salvar alguém fica acordada para receber os agradecimentos. Ah e a mãe da garotinha agora acha que você é uma anja, papai pediu para ela não falar nada para ninguém, do que aconteceu e ela prometeu não falaria nada, mas não sabemos por quanto tempo.

- Então ainda teremos algum tempo para que as pessoas batam a nossa porta em busca de milagres? – falei num tom de brincadeira.
- Quase, você lembra do casal na praia?
- Os alemães?
- Sim. Ficaram preocupados com que você fez.
- E o que eu fiz?
- Você mostrou seus poderes em público. Eles sabem sobre nós, não
somos os únicos com poderes, e pelo o que eu entendi tem um pessoal eliminando pessoas como nós. O papai está muito preocupado e disse que teremos que nos mudar novamente. Mas, depois agente fala sobre isso... Vamos descer que estou morrendo de fome.
Desci a escada logo atrás de Allan e senti o cheiro de café que invadia a casa. Sentamos à mesa e notei a preocupação no rosto de meu pai que começou:
- Como Allan já deve ter lhe dito, teremos que nos mudar outra vez. Não estou bravo com o que você fez Zoé, pelo contrário, estou orgulhoso de você, porém o casal que estava na praia ficou apreensivo sua demonstração de poderes em público será uma questão de tempo até nos encontrarem aqui. Existem outros como vocês e há pessoas querendo destruí-los, não estamos seguros aqui, então teremos que nos mudar o mais rápido possível.

Ficamos em silêncio, eu estava cansada de mudanças esse era o primeiro lugar que parecia realmente com lar, queria saber qual o problema de usar meus poderes eu salvei a vida de uma pessoa, o que tinha de errado nisso? Porque tanto medo? E quem queria nos eliminar?

Então Allan interrompeu o silêncio:

- Zô, não precisa ter medo vou sempre estar com você, o casal que estava na praia, eles tinham um filho, um garoto de oito anos, ele era um de nós, também tinha o dom da telecinese, pra falar a verdade ele era melhor que você irmãzinha – ele deu um sorriso debochado e continuou – a mais ou menos uns dois anos ele salvou a mãe de um assalto e fez o ladrão atirar no próprio pé, era incrível o autocontrole daquele garoto, mas ele fez isso numa praça repleta de pessoas, uma semana depois quando ela o levava a escolar, dois homens entraram no carro, disseram que eram de um setor do governo que atuava no mundo inteiro, o “G7”, e que era responsável pelo controle de aberrações como o filho dela e que ele apresentava um perigo para a sociedade.

- Como você sabe disso? – perguntei.

- Depois que você salvou a garotinha, eu olhei em volta para ver se havia mais alguém na praia que poderia ter visto você em ação, havia apenas a mãe da menina e o casal, mas o que mais me surpreendeu, foi à expressão da mulher não era de pânico nem de medo, era de tristeza, então decidi verificar o que a mulher estava pensando e vi na mente dela tudo o que eu disse, as imagens vinham na cabeça dela, parecia um filme, você precisava ver, quando ela terminou veio em direção ao papai gritando uma mistura de português e alemão, pedindo que ele fugisse com você, que “eles” viriam atrás de nós, a mulher estava tão descontrolada que o marido dela quase não conseguia controlá-la, eles são alemães, e vieram ao Brasil, parece que a base do G7 está localizada aqui, não sei ao certo, ainda vamos investigar, ele deve ter a sua idade agora ou deveria ter.

Todas aquelas informações me deixaram um pouco tonta, mas porque teríamos que nos mudar se o menino foi levado na Alemanha? Mas uma vez Allan interrompeu meus pensamentos;

- Há tempos o papai e eu andamos pesquisando sobre os nossos poderes.

- Isso de ficar lendo a minha mente já esta começando a ficar chato – interrompi, mas ele pareceu não se importar com o meu comentário e continuou:

- Entramos em contato com alguns amigos dele do laboratório,lembra do Marco amigo do pai, ele esteve aqui quando você estava dormindo, descobrimos que ele havia sido transferido, para o tal G7 e que agora ele estava trabalhando com pesquisadores do mundo inteiro, ele não disse ao pai, mas eu vi na mente dele que a base do laboratório está no meio de uma imensa floresta, tem uma espécie de rio de duas cores,

é de difícil acesso agora, acredito que só da pra chegar lá de avião o G7 foi criado para estudar e eliminar pessoas que possuam habilidades que possam oferecer risco a sociedade, dá pra acreditar que riscos nos traríamos a sociedade? Salvando criancinhas de morrerem afogadas ou salvando pessoas de serem assaltadas? – É, isso realmente deve ser muito perigoso para a sociedade – a voz de Allan passou de entusiasmada para indignada, meu pai o interrompeu:

- Já chega Allan! Você já falou demais, vá para o seu quarto arrumar suas coisas, vamos embora amanha cedo!

Olhamos para o meu pai, surpresos, foi primeira vez que eu o vi levantar a voz para o meu irmão, ele nunca havia gritado com Allan ou comigo e notei os seus olhos estavam repletos de lagrimas, meu pai nunca havia chorado a nossa frente, eu sempre vi meu pai como um homem forte, capaz de resolver qualquer problema e agora velo assim como um homem frágil, haviam ferido meu pai no seu ponto fraco, a sua família; levantei da cadeira, fui ao seu encontro para abraçá-lo, depois a mamãe e o Allan, fizeram o mesmo e ficamos ali no meio da cozinha abraçados, percebi que todos nós estávamos chorando; aquele o foi nosso ultimo abraço.

 

Na manhã seguinte acordamos cedo, ainda estava amanhecendo, eu já havia visto o nascer do sol em São Miguel dos Milagres, mas nunca havia notado o quão maravilhoso era, o céu escuro dava lugar aos primeiros raios de sol que começavam a surgir no horizonte, acredito que foi um presente de Deus, como uma despedida a altura daquele lugar, foi a minha despedida do paraíso; entramos no carro, minha mãe foi dirigindo papai ainda meu ainda estava muito nervoso, Allan e eu estávamos no banco de traz, eu ainda não sabia para onde estávamos indo, mas sabia que era um lugar seguro; estávamos a umas três horas na estrada, quando percebemos que havia um carro nos seguindo, era um carro preto não dava para ver quem estava dentro do carro, os vidros do carro estavam revestidos de um fumê bastante escuro, permanecíamos em silencio, mas dava pra sentir a tensão que estava sobre nós, Allan não agüentou e começou a falar:

- Eles são três e estão nos seguindo mesmo, posso ler a mente deles – a voz de Allan era de preocupação, o que me deixou ainda mais tensa;

- Pai, o Marco está com eles e querem a Zoé!

Quando ouvi meu nome meu corpo estremeceu e as lagrimas começaram a rolar pelo meu rosto e eu não conseguia controlá-las, Allan segurou a minha mão, minha mãe acelerou o carro, a estrada passava entre canaviais, e há muito tempo não víamos nenhuma casa ou posto de gasolina, para que pudéssemos para e pedir ajuda, eu ora olhava a estrada em busca de algum sinal de vida, ora olhava para trás para ver se eles estavam muito próximos, foi quando de repente nosso carro capotou, girou muitas vezes, parecia uma maquina de lavar roupas, quando o carro parou um a certa senti um cheiro forte gasolina e sangue, minha cabeça estava encostada ao teto e doía muito, mas permaneci imóvel e em silêncio, percebi que alguém havia se aproximado do carro ele deu voltas, e gritou:

- É melhor não mexermos em nada aqui, o carro vai explodir daqui a pouco, tem gasolina vazando, eles já devem estar mortos mesmo, tem muito sangue aqui.

Mortos será alguém havia morrido? Quando o barulho do carro se afastando, abri meus olhos eu estava de cabeça para baixo, não havia mais vidros no carro, havia bastante sangue no teto, eu estava presa ao cinto de segurança, estava tentando me soltar quando ouvi a voz da minha mãe;

- Zoé? Allan? Vocês estão bem?

- Ai, to mãe, mas acho que quebrei uma costela – a voz do Allan parecia um gemido, eu também respondi:

- Eu também estou bem, mas minha cabeça está doendo, não consigo soltar meu cinto.

- Está bem querida já estou indo ajudá-la, precisamos sair logo daqui o carro pode explodir a qualquer momento – mamãe saiu do carro, mas foi Allan quem conseguiu abrir meu cinto, o cheiro da gasolina estava muito forte, ele me retirou de dentro do carro, me carregou e me deixou a uma distancia segura,quando ele me deitou no chão, mamãe o seguiu e sentou-se ao meu lado.

- Vou deixar você aqui com a mamãe e vou tentar soltar o pai ele ainda esta no carro, ele deve está desacordado, não consigo ver seus pensamentos – havia angustia na voz do meu irmão, quando ele ficou de pé para ir até o carro, ouvimos uma forte explosão, o carro havia explodido e o meu pai não havia conseguido sair, ficamos ali paralisados, olhando o carro consumir-se em chamas, nenhum de nós conseguiu se mover. Era como se estivéssemos em meio a um pesadelo, minha cabeça doía, eu estava tonta, a angustia tomou

conta de mim, comecei a chorar, a gritar, havia uma dor em peito muito forte; Allan, minha mãe e eu nos abraçamos ali, na beira da estrada, ao lado da grande fogueira que o nosso carro havia se tornado, junto com o meu pai, meu pai havia morrido, tentando me salvar. Um caminhoneiro, que passava pela estrada nos viu na estrada e parou para nos ajudar, estávamos péssimos, minha havia perdido um dente, sua boca e blusa estavam ensangüentadas, o Allan andava com dificuldade suas mãos seguravam o seu lado esquerdo, era a costela que havia dito estar quebrada, havia um corte na minha testa do lado esquerdo, de onde ainda estava sangrando, minha blusa branca estava vermelha, em meu rosto havia uma mistura de sangue e lagrimas, mas a dor no meu peito era muito maior que qualquer dor física e essa jamais iria passar.

 

Mudamo-nos para Gramados, era o plano do meu pai, ele já havia comprado uma pousada, morar entre as pessoas parecia mais seguro para ele: à pousada de estilo alemão ela era pequena e simples, mas muito charmosa de dois andares, no primeiro ficavam os quartos dos hospedes, no segundo andar ficava a nossa casa, cada um tinha o seu quarto como na casa de São Miguel, o meu quarto tinha uma varanda que dava para a frente da pousada, no térreo também funcionava uma pizzaria, quando chegamos, haviam quatro pessoas que já trabalhavam na pousada antes de á compramos e que mamãe fez questão que continuassem, Jane e Patrícia, trabalhavam na limpeza e

organização dos quartos, a Joanne era descendente  de uma tribo de índias  amazônicas,

assim que eu cheguei a Gramados, ela me deu um cordãozinho com um pingente verde, que lembrava um sapo, eu o uso até hoje, ela disse que as mulheres de sua tribo costumam usar, o nome verdadeiro dela é kanakahum, mas prefere ser chamada de Jane, Alexandre e sua esposa Ieda trabalhavam na pizzaria, ele era o pizzaiolo e ela era sua ajudante, eles eram os pais da Alzira, foi quando a conheci, contratamos dois garçons o Eric e Jordan, minha mãe trabalhava na recepção, nos finais de semana e na alta temporada meu irmão e eu ajudamos na pizzaria.

Allan e eu começamos a freqüentar uma escola regular, ele adaptou-se melhor que eu, meu irmão era um dos garotos mais populares da escola, somos um pouco parecidos fisicamente, loiros, olhos azuis, pele branca, a diferença é que ele é muito mais bonito que eu e está sempre bem humorado, virou goleiro do time de futebol, todos sempre dizem “ele é muito talentoso”, se ler a mente dos adversários para saber onde eles iram jogar a bola, pode ser chamado de talento, então ele realmente é muito talentoso. O Allan é 2 anos mais velho que eu, mas preferiu ficar na mesma sala que a minha, segundo ele para evitar que eu fizesse alguma bobagem, Alzira também era da minha sala. Aprendi a tocar violão e hoje toco em banda; há pouco tempo revelei a Alzira o meu segredo, ela ficou maravilhada, construiu muitas teorias como criptonita, aranhas radioativas, perguntou se havia recebido alguma carta para a adesão a alguma escola de bruxos...

 

Esse é um dos grandes problemas de acordar de madrugada, fico relembrando toda a minha vida, de como tudo mudou. Hoje iremos nos apresentar na praça da cidade, como estamos no mês de novembro, nossa cidade sempre recebe turistas que gostam de passar as festas de Natal e Ano novo, a cidade fica espetacularmente incrível tudo fica iluminado, a cidade parece ser retirada de um conto de fadas, as apresentações na praça são verdadeiros espetáculos a céu aberto que nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar tudo é mágico. Antes de cada espetáculo uma banda da cidade faz a abertura e esse ano fomos convidadas para fazer uma apresentação, a última vez que nos apresentamos foi na pizzaria da pousada, eu estava tão nervosa que as mesas começaram a tremer e as garrafas de vinho estouraram nas mesas, graças a Deus haviam poucas pessoas na pizzaria naquele dia, eu consegui fazer com que um vento forte virasse algumas das  mesas, mas eu tive contar a Alzira meu segredo.

- Já chega de pensamentos, e melhor eu tentar dormir - falei a mim mesma e depois adormeci.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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