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Capítulo IV

 

 

sobrado

 

CAPÍTULO 4

 

O Sobrado

 

A casa da Lizandra parecia mais um palácio de tão grande, quando chegamos Isabelle e Allan estavam a nossa espera na porta da casa.

- E aí, conseguiram falar com ele? – perguntou Isabelle.

- Dessa vez eu também vou. – falou Allan.

- Vai para onde? Eu também vou. – resmungou Isabelle.

- Calma irmãzinha, fez o que combinamos? – perguntou Liz.

- Fiz sim, Zoé vem comigo. – falou Isabelle me segurando pelo pulso e me levando para dentro da casa.

Subimos por uma escada que levava a um corredor cheio de portas, paramos em frente a uma delas, ela soltou o meu pulso, abriu a porta e disse:

- Esse é o seu quarto Zoé, espero que goste, a decoração é um pouco antiga, mas é a mais parecida com o quarto de princesa, há e aqui fica o closet, eu fiz compras por você, esta tudo aqui. – falou ela mostrando o enorme closet, ele era enorme, era maior que o meu antigo quarto, tinha muitas roupas e sapatos, a Alzira iria adorar esse lugar.

- Mas onde estão as minhas coisas?

- Você não trouxe muita coisa e as coisas que você trouxe não eram muito legais, então eu joguei fora, e o quarto gostou?

- Gostei Isabelle é muito bonito.

- Agora vou deixar curtir ele um pouquinho, qualquer coisa é só chamar, esse aparelho localiza a qualquer pessoa, em qualquer cômodo da casa.

Ela me deu um aparelhinho que mais parecia um laptop, nele dava para ver vários cômodos da casa. O quarto era grande caberia a minha casa inteira nele, ele parecia ter sido retirado de um filme de princesa, o guarda roupa era a minha maior preocupação, deitei na cama e adormeci.

Senti alguém agarrar meu tornozelo, acordei e vi uma mulher agachada próximo a cama, ela tinha um cabelo longo, ela estava ronronando, sua pele lembrava uma onça pintada,

- Eu vim pedir para vossa alteza não fazer nada contra o meu senhor. – ronronou ela parecendo um gatinho assustado. – meu senhor não, ele não, por favor não faz nada contra ele, ele é bom, ele cuida da Mia e a Mia não vai deixar a princesa destruir meu senhor, pode destruir a Mia se quiser, a Mia vai no lugar do seu senhor.

- Quem é você.

- Meu senhor me chama de Mia, de Mia vossa alteza.

- E o que você está fazendo aqui?

- Eu vim pedir para vossa alteza não destruir meu senhor, ele é muito bom com a Mia, a Mia não tinha ninguém, vivia por ai com fome sozinha, os homens mal queriam levar a Mia, mas o senhor da Mia apareceu e ajudou a Mia a escapar e cuidou da Mia, o meu senhor gosta da Mia e a Mia gosta do seu senhor, a Mia sabe que você é princesa boa, por isso a Mia tá aqui pra pedir que não faça mal a meu senhor.

- Quem é o seu senhor?

- Os homem chama ele de H.P., a Mia é uma das poucas pessoas em que o meu senhor confia, a Mia ajuda o seu senhor em tudo, a Mia gosta de ajudar o seu senhor.

- Mia e porque eu iria querer destruir o seu senhor?                 

- O Monzard disse para o meu senhor que a princesa queria falar com ele, a Mia percebeu que o seu senhor da Mia ficou preocupado, então a Mia pediu a ajuda a mulher dos espelhos e ela disse como eu poderia encontrar sua alteza, então a Mia está aqui, a Mia consegue encontrar qualquer coisa a Mia é uma ótima rastreadora.

- Mia me diz uma coisa, o que você sabe sobre mim?

- Ora princesa, a Mia sabe o que todo mundo sabe, todos sabem que a princesa havia desaparecido já faz muito tempo, mas agora, você voltou, a Mia está muito feliz em ver a princesa agora.

- Como você sabe que eu sou mesmo a princesa?

- A Mia sabe porque sente, todos nos estamos sentindo, é uma coisa forte, a Mia nunca tinha sentido antes, e a Mia obedece tudo o que a princesa manda, nós obedece ordem da princesa.

- Tudo bem Mia, não vou fazer nada de mal ao seu senhor eu só vou precisar da ajuda dele para encontrar uma velha amiga e quem sabe até você mesmo possa me ajudar.

- Seria uma honra para a Mia poder servir a princesa.

- Será uma honra para mim ter você ao meu lado, se você for a mim, como é ao seu senhor eu ficaria imensamente feliz, agora Mia pode voltar para o seu senhor e não fale nada sobre essa visitinha, logo mais a noite eu irei visitá-lo e você tem a minha palavra que não vou fazer nada contra ele.

Ela saiu do quarto pela janela que estava aberta, sentei na cama ainda incrédula no que havia acontecido a pouco, aquela criatura estava me implorando pela vida de alguém, como se fosse capaz de causar mal a qualquer pessoa, mas havia alguma coisa que eu não consegui entender, ela me chamou de princesa, peguei o mini notebook, que estava na cama, localizei a Isabelle, ela estava em um quarto repleto de bonecas, toquei no monitor e falei

- Belle?! – ela virou-se rapidamente, sorriu e respondeu.

-  Oi Zoé, está precisando de alguma coisa?

-  Não obrigado, mas você poderia vir aqui?

- Já estou indo.

 

Em pouco tempo ela chegou, bateu a porta e perguntou:

- Posso entrar?

- Claro que sim, Belle.

- Então está gostando do quarto?

- Estou gostando sim, mas não foi por isso que chamei você aqui.

- Não? – uma linha se formou em sua testa.

- Não Belle, eu gostaria que você me contasse o que sabe sobre mim. - ela sorriu, sentou na cama e começou a falar.

- Minha mãe sempre me contava historias sobre você e o quanto você precisaria da nossa ajuda, há muito mais muito tempo, nós somos descendentes dos acartinianos, uma raça superior a raça humana é por isso que conseguimos fazer coisas extraordinárias, impossíveis se comparadas a um humano comum, Acart havia saído de uma guerra e quase todo o planeta estava destruído então o conselho de Acart reuniu um grupo que ficou responsável por encontrar algum planeta que pudesse ser habitado, mamãe disse a minha tataravó fez parte dessa expedição pela galáxia, então chegaram a terra e aqui parecia perfeito, só havia um probleminha, aqui já estava povoado, mesmo sendo uma raça inferior os acartinianos não queriam ser responsáveis pelo extermínio de uma raça, que apesar de inferior, fisicamente éramos bastantes parecidos, minha mãe é uma Acartiniana legitima, ela é muito linda, na verdade ela até parece com você, ao acartinianos possuem cabelos cor de palha, a pele bastante pálida e um pouco gélida e são aparentemente mais altas se comparadas aos humanos, eles então decidiram montar bases aqui na terra, já pelo que eles haviam estudado, seria uma questão de tempo para a própria raça humana causar sua extinção, então foram construídas três cidades Akahim, Akakor e Akanis, ou como alguns humanos preferem chamar as “Cidades Perdidas”.

- Eu não sabia, então quer dizer que somos ETs?

- Mais ou menos isso, eu sou meia acartiniana e meia humana, minha mãe como você sabe é acartiniana, já o meu pai é humano, mas você Zoé é diferente você é descendente da princesa Zoé X, ou seja agora você é a herdeira do trono de Acart, quando encontrarmos a mamãe todos nós poderemos voltar a Acart.

- Como você sabe que eu sou a princesa?

- Não sei como explicar, eu apenas sinto, mamãe sempre nos dizia que era quase impossível não obedecer a uma ordem da realeza ou seja uma ordem sua.

- Isso acontece com qualquer acartiniano?

- Sim, com acartiniano ou qualquer descendente.

- Eu não entendo, o Allan também é assim?

- Não, é apenas com você.

- Você sabe o porque?

- Acart é governada pela família real, você descende de clã superior, da família real e governa o filha mais nova da descendência, só mulheres governam Acart, sua avó a princesa Zoé esta desaparecida a bastante tempo, e muitos acartinianos não sabem da sua existência

E vão confundir você com ela, enquanto eles pensarem assim poderemos utilizar essa vantagem, apesar que qualquer ordem sua será atendida, é automático.

- Eu sei, recebi uma visita antes de chamar você, o nome dela é Mia e ela trabalha para o tal de H.P., ela me chamou de princesa e respondeu a todas as minhas perguntas, ela estava com medo que eu fizesse alguma coisa com o senhor dela, parece que ele a ajudou quando ela era pequena, desde então ela está com ele, ela tem ele como objeto de devoção, mas acredito que ela poderá nos ajudar.

- Como foi que ela passou por aqui? Temos um avançado sistema de segurança, é impossível passar por ele sem ser detectado.

- Não para uma acartiniana, ela é uma rastreadora e pelo que sei os rastreadores são silênciosos e ágeis?

- Só alguns nem todos os poderes são da mesma forma nas pessoas, minha mãe por exemplo foi a melhor vidente que já conheci, a Liz também é boa mas não é como a mamãe.

- É por causa do lado humano?

- Acho que não, já conheci mestiços mais poderosos que os próprios acartinianos, agora preciso ir Zoé tenho que rever o nosso sistema de segurança, se ela conseguiu invadir outros também poderão, e você não esta segura.

- Porque eu preciso de segurança? Eu sou a princesa o que poderia acontecer comigo?

- Sua avó, ou seja, a princesa Zoé desapareceu misteriosamente e enquanto não descobrirmos o que aconteceu com ela, você precisa ficar atenta.

- Está bem vou ficar atenta, vou tomar um banho, daqui a pouco teremos um encontro com o H.P., alguma coisa me diz que eu ainda terei mais revelações hoje.

 

Quando cheguei a porta da casa havia mais dois carros pretos, a Lizandra tinha uma verdadeira fixação por essa cor de carros, ela Pedro e o Allan foram em um deles e o Miguel Isabelle e eu no outro, um carro estava conectado ao outro, o para brisa parecia mais a tela de um computador dava para ver o que estava acontecendo no interior do outro carro, Lizandra falou:

- E ai o que acharam dos meus bebezinhos? são incríveis não são?

- É realmente incrível são extraordinários saídos de um filme de ficção, só uma pergunta... COMO vou dirigi-lo? Onde está o volante? – perguntou Miguel.

- Esqueci de dizer, é só dar um comando que eles o levam a qualquer lugar.

- Uau, isso sim é que é tecnologia, então vamos.

 

O Sobrado ficava ema uma rua estreita e de difícil acesso em Santa Tereza, tivemos que deixar o carro e subimos uma ladeira a rua era uma rua de casa antigas haviam algumas pessoas na rua todas estavam usando roupas pretas e maquiagem muito forte, não pareciam muito felizes em nos ver ali, um deles aproximou se e falou:  

- O que vocês estão fazendo por aqui, aqui é nossa área e vocês não são bem vindos aqui, voltem para suas casas.

- Calma só queremos conhecer o sobrado, uma amigo nosso nos indicou esse local. – falou Lizandra.

- Isso aqui não é para você bonequinha, volte para o palácio, isso aqui não é para vocês.

- Escuta aqui, nós viemos aqui para ver um amigo no sobrado e é isso o que vamos fazer, e nem você nem seus amigos vão nos impedir, agora se poder nos dar licença já estamos atrasados. – falei.

Senti o olhar de todos sabre mim, nem mesmo eu sei como consegui falar aquilo, também que o garoto estava confuso, ele não me conhecia e estava me obedecendo sem ao menos saber o por que, ele voltou para junto do outros que agora estavam me olhando confusos, quando chegamos ao sobrado, a musica eletrônica estava alta, as luzes me deixaram um pouco tonta, havia muita gente todos estavam usando preto, eles me faziam lembrar de vampiros, com muita dificuldade consegui chegar ao bar, Miguel estava ao meu lado, mas havíamos nos perdido dos outros, o barman era uma mulher loira com mechas rosa, estava usando uma mini saia preta a blusa também era curta, ela tinha uma tatuagem de dragão na barriga, o Miguel  foi quem falou:

- Ice?

- Miguel? Ai miguelito, que saudade, quanto tempo, sentiu saudade do calor? Eu nem acredito que você está aqui.

- Estava sentindo falta mesmo disso aqui, e você garota como você está? Você viu o Eric?

- Pensei que você estava sentindo a minha falta, falta de nós.

Ela chegou muito próximo a ele, ela ia beijá-lo fechei minhas mãos, todas as garrafas que estavam no bar estouraram ela virou-se rapidamente em direção as prateleiras.

- Mas que droga aconteceu aqui? – falou ela parecendo muito irritada, Miguel olhou para mim.

- Desculpa.

foi a única coisa que eu consegui responder, entrei no meio da multidão na esperança de encontrar o restante do pessoal, na verdade eu queria fugir dali, e do que eu havia acabado de fazer, por eu estava ciúmes dele, ele poderia beijar ou ficar com quem ele quisesse e eu não tinha nada a ver com isso.

- Encontrei você, eu deveria ter te falado da Ice mas pelo visto você já descobriu. – falou a Liz  - O Eric e o restante do pessoal estão logo ali. Falou ela apontando para uma espécie de camarote que ficava logo acima do palco mas que dava a visão de toda a pista de dança, Miguel conseguiu nos acompanhar.

- Zoé eu posso explicar.

- Você  não tem nada o que me explicar.

- Mas...

- Deixem essa d.r. para depois agora precisamos convencer o Monzard a nos deixar falar com o H.P.- falou a Liz parecendo nervosa.

- Não se preocupe Liz nos vamos encontrar a sua mãe, eu prometo. – falei segurando a sua mão.

- Obrigada por estar aqui princesa.

Essa foi a primeira vez em que me senti realmente importante, para os humanos eu era apenas uma garota comum, sem graça e sem importância e de uma hora para outra eu virei uma princesa, tenho mais poderes do que eu imaginava e pessoas que confiam inteiramente em mim.

Estávamos em uma pequena sala, bastante confortável, quase não se ouvia a musica que estava tocando lá embaixo, o Eric havia saído para falar com o Monzard, que estávamos a sua espera, Miguel estava ao meu lado, segurou minha mão.

- Zoé, me desculpa eu...- Miguel foi interrompido pela entrada do Eric, ele falou:

- Apenas a três pessoas poderão entrar.

- Lizandra, o Allan e eu. – respondi.

Seguimos o Eric por um corredor pouco iluminado por luzes de neon azuis, chegamos a uma sala parecida com a que estávamos a pouco, havia um homem Alto, magro, cabelos loiros nos ombros, a pele muito branca, ele estava usando chapéu e uma capa preta; ele nos olhava com um ar superior, seus olhos eram pretos e enigmáticos.

- Sejam bem vindos, em posso ajudá-los?

- Gostaríamos de falar com o H.P.

- Ora, ora mas que pedido interessante... – falou ele calmo e ironicamente, deu uma volta ao nosso redor, ele parou na nossa frente e continuou a falar – Muito corajoso da parte de vocês, eu mesmo adoraria ajudá-los.

- Não! Você não serve. – Falou Lizandra, Monzard a encarou um tanto surpreso depois continuou a os rodear.

- Nossa que garotinha corajosa posso saber por quê eu não sirvo para ajudá-los?

- Meu caro Monzard se quiséssemos a sua ajuda não estaríamos aqui pedindo para falar com o seu chefe e você é só um simples empregado.

Monzard virou rapidamente seus olhos agora estavam vermelhos ele ergueu a mão em direção a Liz e gritou:

- Garota arrogante, quem você pensa que é?

 ela caiu no chão colocou as mãos sobre o pescoço, parecia estar sufocando, me virei em direção ao Monzard e consegui jogá-lo contra a parede.

- Allan tire a Liz daqui. – Gritei.

- Mas e você? não vou deixar você aqui.

- Eu não estou pedindo, estou mandando!

Ele pegou a Lizandra nos braços e saiu, parecia estar lutando contra a própria vontade, Monzard estava parado bem a minha frente sua boca estava sangrando, parecia confuso e ainda mais furioso.

- Quem é você? e porque você ainda está de pé? – ele parecia estar se esforçando muito, tentando me atingir da mesma forma que atingiu a Liz, eu estava sentindo meu coração acelerar, era uma mistura de medo e expectativa, agora eu estava sozinha, fomos interrompidos por um grunhido, me virei e vi a Mia, ela se posicionou a minha frente, em posição de defesa e falou:

- Você não vai fazer nada contra a princesa Monzard, a Mia não vai deixar.

- Você não passa de um gatinho de estimação para o H.P., sinceramente eu não sei por que ele ainda mantém você, você é absolutamente inútil.

Ao ouvir aquilo o medo deu lugar a raiva, ergui Monzard no ar e comecei a torcer cada dedo, ele começou a gritar de dor e aquilo estava me deixando feliz, de repente vi um fleche azul e tudo ao meu redor desapareceu.

 

 

 

 

 

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